terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Alterações e Mudanças Climáticas Globais

ERLON MOREIRA CASTILHO










CLIMATOLOGIA
“Alterações e Mudanças
Climáticas Globais”












Uberlândia – 2005
ERLON MOREIRA CASTILHO




















CLIMATOLOGIA:
Alterações e Mudanças
Climáticas Globais







Trabalho sobre o tema: Alterações e Mudanças Climáticas Globais, para a disciplina Climatologia do 3º Período do Curso de Geografia, da FCU – Faculdade Católica de Uberlândia.





Uberlândia – 2005


Sumário:


Introdução: ............................................................................................Pág. 04

1 – Efeito Estufa: ...................................................................................Pág. 05

2 – Efeito de Estufa: ..............................................................................Pág. 12

3 – Buraco na Camada de Ozônio: ......................................................Pág. 16

4 – Fenômeno El ina: .........................................................................Pág. 27

5 – Fenômeno La ina: ........................................................................Pág. 30

6 – Chuva Ácida: ..................................................................................Pág. 34

7 – Poluição do Ar: ..............................................................................Pág: 37

7.1 – Poluentes Atmosféricos: ...................................................Pág: 39

7.2 – Efeitos da Poluição Atmosférica: ....................................Pág. 39

7.3 – Fontes Poluidoras: ............................................................Pág. 40

7.4 – Redução da Camada de Ozônio: .....................................Pág. 42

Conclusão: ............................................................................................Pág. 44

Bibliografia: ..........................................................................................Pág. 45









Introdução:


Há vários anos o mundo vem sofrendo grandes transformações e catástrofes que tem surpreendido a todos, devido ao excesso de gases poluentes lançados na atmosfera que saem das chaminés das indústrias e das queimadas. Esses gases poluentes têm diminuído a camada de ozônio, que é prejudicial à saúde e alterando o clima da terra. Outros fatores que vem ocorrendo na terra são: o efeito estufa, chuva ácida, derretimento das calotas polares, alteração na pressão atmosférica, e vários outros.
Com a freqüência destes fatores e a omissão dos governantes de alguns países – principalmente Estados Unidos – em não realizar estratégias e medidas emergenciais que vem diminuir a poluição do ar, contribuindo para que a terra tende a aumentar as catástrofes e as destruições. Podemos citar alguns exemplos do que pode ocorrer na atmosfera se não for reduzidos tais fatores: as enchentes, problemas de saúde causado pela poluição do ar, a diminuição das áreas de agricultura e pecuária por causa da chuva ácida, câncer de pele na população provocados pelos raios ultra-violetas que atravessam os buracos da camada de ozônio e o comprometimento das reservas de água potável que temos nos aqüíferos e que é levados até nós pelos poços artesianos e pelos rios.
Este trabalho através de pesquisas, tem o objetivo de mostrar alguns fatores que mais tem contribuído para a transformação da terra, alterações na atmosfera e catástrofes. Mostra também algumas formas de tentar retardar esses processos para que tenhamos um mundo melhor.









1 - Efeito Estufa:


Alguns gases da atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), funcionam como uma capa protetora que impede que o calor absorvido da irradiação solar escape para o espaço exterior, mantendo uma situação de equilíbrio térmico sobre o planeta, tanto durante o dia como durante a noite. Sem o carbono na atmosfera a superfície da Terra seria coberta de gelo. A essa particularidade benéfica da camada de ar em volta do globo se dá o nome de "efeito estufa".
A importância do efeito estufa pode ser melhor compreendida quando se observa as condições reinantes na Lua. Lá não há uma atmosfera, e portanto nenhum efeito estufa; por isso as temperaturas variam de 100°C durante o dia a -150°C durante a noite.
O efeito estufa na Terra é garantido pela presença do dióxido de carbono, vapor de água e outros gases raros. Esses gases são chamados de raros porque constituem uma parcela muito pequena na composição atmosférica, formada em sua maior parte por nitrogênio (75%) e oxigênio (23%).
Alguns pesquisadores acreditam que se o percentual de oxigênio na atmosfera fosse um pouco mais elevado, um simples relâmpago poderia ocasionar incêndios gigantescos. O alto percentual de oxigênio na composição atmosférica, mais a existência dos gases raros faz com que muitos cientistas classifiquem a atmosfera terrestre como uma "anomalia", quando comparada às de outros planetas.
Seria muito mais acertado se esses cientistas dissessem que um tipo assim tão especial de atmosfera é um presente do Criador, que dessa forma possibilita às suas criaturas viverem e desenvolverem-se num planeta maravilhoso. Todavia, uma dedução assim tão simples e clara a ciência não tem capacidade de fazer, já que ela só consegue se pautar pela lógica fria e restrita do intelecto. Anômalos, na verdade, são a maioria desses escravos da ciência, que podem, sim, dissecar cientificamente uma flor até as minúcias, mas se mostram incapazes de reconhecer em sua beleza singela um reflexo do Amor de seu Criador.
O efeito estufa gerado pela natureza é, portanto, não apenas benéfico, mas imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra. Se a composição dos gases raros for alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjuntamente.
A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis e do desflorestamento. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera pela queima e também por decomposição natural. Além disso, as árvores aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa também menos dióxido de carbono sendo absorvido.
Estima-se que em 1850 (época da disseminação da Revolução Industrial) a quantidade de CO2 na atmosfera era de 270 ppm1. Hoje, essa quantidade é de aproximadamente 360 ppm, um aumento de 33%. A cada ano cerca de 6 bilhões de toneladas de CO2 são lançadas na atmosfera do planeta.
Na primeira metade do século esse tipo de poluição era até considerado benéfico. No livro "Worlds in the making", de 1906, o químico sueco Arrhenius dizia: "Por influência do percentual crescente de dióxido de carbono na atmosfera, temos esperança de desfrutar de épocas com climas melhores e mais estáveis, sobretudo nas regiões mais frias da Terra." Em 1938, o inglês George Callendar achava que o dióxido de carbono que estava sendo lançado no ar "melhoraria o clima do mundo e fertilizaria as terras cultiváveis."
No início da década de 80 ainda havia a esperança de que as alterações provocadas pelo efeito estufa não seriam muito intensas. Roger Revelle, dirigente do Scripps Intitution of Oceanography, dizia na época: "As mudanças não serão grandes acontecimentos; serão alterações ambientais lentas e difusas. A maioria das pessoas nem se aperceberá delas, ano a ano."
O gráfico abaixo mostra a variação da concentração de dióxido de carbono (média mensal) na atmosfera desde 1958 a 1991, obtida segundo dados fornecidos pela estação de monitoramento de Mauna Loa, no Havaí:


O efeito da maior concentração de CO2 na atmosfera é uma exacerbação do originalmente benéfico efeito estufa, isto é, o planeta tende a se aquecer mais do que o normal; em outras palavras, a temperatura média da Terra tende a subir.
Os mais avançados modelos matemáticos indicam que a temperatura média da Terra deverá aumentar em 2°C para uma duplicação da concentração de dióxido de carbono a partir do nível de 270 ppm. No tópico sobre o clima já vimos o que a mudança de apenas 1ºC na temperatura média global é capaz de fazer…
O mapa abaixo mostra os pontos em que se detectou alteração na temperatura da superfície do planeta entre 1951 e 1993. Os pontos em vermelho significam acréscimo de temperatura, e os pontos em azul, decréscimo; de acordo com as dimensões, os pontos indicam variações de 2ºC a 6ºC por século. Fica fácil constatar que a Terra está, de fato, esquentando.


O gráfico abaixo mostra a variação da temperatura global do planeta de 1851 a 1997. Ele foi obtido do trabalho conjunto dos pesquisadores Phil Jones (University of East Anglia), David Parker (United Kingdom Meteorological Office), John Christy (University of Alabama) e dados da NASA. A linha mais fina corresponde às temperaturas anuais médias, e a linha mais grossa à temperatura média a cada 5 anos. Observa-se que, apesar de algumas oscilações, a tendência é de um crescimento contínuo na temperatura média da Terra.


Existe um consenso de que o aumento do efeito estufa só não é maior atualmente porque uma grande parte de CO2 é dissolvida nos oceanos e extraída pela vegetação. Sem esses mecanismos reguladores, há muito o ser humano já teria, sozinho, desequilibrado totalmente o clima da Terra.
As tentativas das nações de solucionar o problema por elas mesmas criado beiram o ridículo. Na Conferência do Clima de 1995, em Berlim, os governos concordaram que "não foram adequadas" as medidas tomadas no sentido de tentar a redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa. A Conferência do Clima de 1996, em Genebra, terminou com uma declaração em que os países "se comprometem a negociar a redução do uso de gases responsáveis pelo efeito estufa". O tratado firmado na Conferência do Clima de 1997, em Kioto, estabeleceu que as 38 nações industrializadas reduziriam a emissão de gazes em 5,2% entre 2008 e 2012... Os critérios de aplicação dessa redução serão decididos em 1998, numa reunião marcada especialmente para isso em Buenos Aires. De qualquer forma, os congressistas americanos já avisaram que não há como aprovar o tratado.
Só para não perder o costume das propostas mirabolantes, surgiu recentemente a proposição de se injetar 190 mil toneladas de amônia no fundo do mar para forçar o oceano a retirar da atmosfera dois milhões de toneladas de CO2. Bela solução. Reduzir a poluição do ar aumentando a dos mares...
A ocorrência de efeitos climáticos extraordinários em curtos períodos de tempo também é atribuída ao incremento do efeito estufa. Em 1984 foi publicado um trabalho por uma equipe da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha, onde se previa que um aquecimento da Terra decorrente do efeito estufa provocaria invernos mais intensos na Europa. Nos três anos seguintes a Europa foi atingida por invernos rigorosíssimos.
Para os especialistas da Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), tanto o clima mais rigoroso, como as chuvas que se tornam mais torrenciais, são decorrência do recrudescimento do efeito estufa no planeta. Segundo um estudo publicado na revista Nature de setembro de 1995, desde 1911 o total de chuvas torrenciais (superiores a 50 mm) aumentou entre 2% e 3% nos Estados Unidos, enquanto que as precipitações comuns aumentaram 20% naquele país… O cientista William Stevens disse que "agora já há um consenso que as tempestades têm se tornado mais comuns."
No ano de 1987 já havia sido observado que os corais de Porto Rico, no Caribe, estavam ficando brancos. A causa apontada foi o aquecimento do mar provocado pelo efeito estufa. De lá para cá essa ocorrência foi se espalhando e em 1995, só no Brasil, já era observada em três regiões. "O que se pensava ser um fenômeno isolado é hoje visto em escala global", afirma o biólogo Clóvis Barreira, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O Comitê Oceanográfico Internacional da ONU considera os corais como termômetros vivos da saúde marítima. Seu branqueamento significa que as algas microscópicas responsáveis pelas suas cores estão se afastando, possivelmente pelo aumento da temperatura da água. Sem essas algas os corais tornam-se frágeis e acabam não dispondo de energia suficiente para a reprodução. Em 1997, o Fundo Mundial para a Natureza divulgou um informe dando conta de que os recifes de coral no Chile poderiam extinguir-se...
Além de mais quentes, o nível dos oceanos está subindo, como vimos no tópico sobre o Clima. Na costa brasileira e em todos os países litorâneos, o avanço do mar assusta a população. A causa é o aumento do nível do mar, acarretado entre outros fatores pelo incremento do efeito estufa. No Brasil, várias praias ameaçam simplesmente sumir do mapa. Ano após ano elas perdem grandes faixas de areia e são tomadas pelo mar. Na cidade litorânea de Caiçara do Norte, Estado do Rio Grande do Norte, o mar avançou 50 metros nos últimos dez anos; oitenta casas sumiram e seus moradores foram forçados a abandonar a cidade.
O aquecimento da Terra também não fica sem efeito sobre a flora e a fauna. Na Antártida estão sendo vistas atualmente espécies de plantas que não existiam há dez ou quinze anos, "efeito do aumento de 15 graus na temperatura do continente ao longo dos últimos 40 anos", explica o físico brasileiro Paulo Artaxa.
Enquanto isso, no resto do mundo, muitas espécies estão desaparecendo. Segundo Jonathan Weiner, em seu livro "Os Próximos Cem Anos", já em 1977 alguns ornitólogos constataram que os bosques norte-americanos estavam ficando mais silenciosos. No México, em 1996, observou-se que em determinadas altitudes cerca de 50% das espécies de borboletas haviam desaparecido, forçadas a migrar para regiões mais frias. Também em 1996 o mundo ficou sabendo que os batráquios (sapos e rãs) estavam desaparecendo nos quatro continentes, possivelmente em decorrência do aquecimento da Terra. Constatou-se o declínio acentuado da população desses bichos nos seguintes países: Brasil, Japão, Canadá, Porto Rico, Grã-Bretanha, Panamá, Noruega, Suíça e Alemanha. Nos Estados Unidos e Canadá muitos sapos também começaram a aparecer deformados: eles apresentam uma perna extra ou uma perna faltante, além de olhos e outras partes do corpo fora do lugar.
A respeito do inexplicável desaparecimento de espécies do planeta, cito aqui trechos de um artigo do jornalista Gilles Lapouge (agosto de 1996) comentando o sumiço das colméias nos Estados Unidos:
"Destaco uma informação 'breve' que apareceu na revista Time: Nos Estados Unidos, o número de colméias caiu de 6 milhões para 500 mil em relação à década de 40. 'Sem o trabalho da abelha', diz um especialista na Time, 'não teríamos mais nem frutos, nem legumes, nem grãos.' (...) As contrariedades desse himenóptero intrépido, inteligente e generoso afetam diretamente os homens. Um eventual crepúsculo desse antigo agente da História anunciaria, em nosso inconsciente, o declínio, a apatia da própria História. A abelha e o homem embarcaram no mesmo navio: se as abelhas desertarem, não será isso um prenúncio de naufrágio? (...) O desaparecimento das abelhas seria um acontecimento tão gigantesco como o foi, na Idade Média, a invenção do relógio mecânico. E comparadas a um acontecimento como este, as revoluções ou as eleições, as crises econômicas ou as mudanças de maioria nos parlamentos não teriam consistência ou importância maior que a passagem das nuvens pelo firmamento."
As conseqüências climáticas do incremento do efeito estufa é apenas mais um dos sinais de que o habitat dos seres humanos está sofrendo grandes transformações. O ser humano usou e abusou da natureza durante séculos, agrediu o planeta tanto quanto quis, sem dó nem piedade, vendo diante de si unicamente seu conforto imediato. Agora, chegou a hora do ajuste de contas. De experimentar em si mesmo todos os crimes cometidos contra o meio ambiente. A poluição acarretada pelos gases decorrentes da atividade humana é apenas uma pequena conta no rosário de culpas da humanidade. E não é a vontade dela, nem suas ridículas providências que farão a Terra voltar a esfriar.
A maioria dos que se ocupam com o fenômeno do efeito estufa estudam-no ainda apenas como mais uma curiosidade científica interessante, talvez também um pouco preocupados com o que possa ocorrer com a Terra num futuro longínquo. Breve, muito breve porém, essas curiosidades se transformarão em ameaças concretas, que não mais poderão ser encobertas com palavras tranqüilizadoras de pretensos apaziguadores científicos.


2 – Efeito de Estufa:

A temperatura média do globo terrestre e da troposfera (camada da atmosfera entre a superfície do globo e cerca de 12 km de altitude) é de cerca de 15ºC. No entanto, se a atmosfera não contivesse vapor de água, dióxido de carbono, metano ou outros gases de menor concentração, a temperatura média global seria de –18ºC! A esta temperatura a água estaria congelada não seriam possíveis as formas de vida existentes no nosso planeta. Isto é evitado por causa do “efeito de estufa” cuja denominação se deve à analogia com o que acontece com uma estufa para plantas.
Numa estufa, o vidro ou o plástico que a cobre funciona como um “captador” de energia enquanto que no caso da Terra é a atmosfera que tem esse papel. A energia radiada pelo Sol (corpo irradiando a uma temperatura de cerca de 6000 K) cobre todo o espectro electromagnético mas o máximo de intensidade da radiação emitida localiza-se nos pequenos comprimentos de onda (c.d.o), correspondentes à região do visível (assim denominados porque os nosso olhos só são sensíveis a esses c.d.o.). Tanto o vidro, como o plástico como a atmosfera são praticamente transparentes a essa radiação, isto é, deixam-se atravessar por ela sem a absorverem. Sabemos que qualquer corpo a uma temperatura diferente do zero absoluto (0 K) emite radiação. Mas os corpos a temperaturas como as das plantas ou do globo terrestre (isto é, à volta dos 300 K) emitem em c.d.o. muito maiores que os do visível, já pertencendo ao domínio dos infravermelhos. Mas para esta radiação já o vidro, o plástico ou a atmosfera não são transparentes! Então estas “coberturas” não vão deixar que essa energia as atravesse e se “escape”. É por isso que as estufas são tão quentes no seu interior. E é por isso que um automóvel estacionado ao Sol aquece brutalmente.
A radiação solar que chega ao topo da atmosfera e nela penetra vai ser, em parte, absorvida (pelos gases atmosféricos e vapor de água), difundida (pelas moléculas dos gases atmosféricos e pelas partículas em suspensão no ar) e reflectida (principalmente pelas núvens). Então só uma parte (cerca de 47%) da radiação que chega ao topo da atmosfera é que alcança o globo terrestre (oceanos e continentes). Essa radiação corresponde quase totalmente a radiação visível (para a qual a atmosfera é quase transparente, como já vimos). Por sua vez, o globo também emite radiação mas no domínio dos infravermelhos. Esta radiação é praticamente absorvida na totalidade pelos gases da atmosfera, os quais re-irradiam nesses mesmos c.d.o.. O efeito de estufa baseia-se precisamente neste facto: a “transformação” de c.d.o.: a atmosfera e o globo recebem radiação de pequenos c.d.o. (para os quais a atmosfera é praticamente “transparente”) e “transformam-na” em radiação de grandes c.d.o. (para os quais a atmosfera é praticamente “opaca”). A superfície do globo está em equilíbrio com a radiação que recebe do Sol e uma quantidade equivalente que ela devolve sob a forma de radiação infravermelha.

Os gases da atmosfera que mais contribuem para o efeito de estufa, para além do vapor de água, são o dióxido de carbono (60% da contribuição dos gases para o efeito de estufa), o metano (15%), o óxido nitroso (5%), o ozono da baixa atmosfera (8%), os clorofluorometanos (12%). Estes quatro últimos existem em concentrações muito mais baixas na atmosfera do que o dióxido de carbono e é só por isso que as respectivas contribuições para o efeito de estufa são menores do que a deste gás.
Nos últimos 100 anos a temperatura da superfície da Terra aumentou cerca de 0,5 ºC mas não está demonstrado que esse aumento seja consequência directa do aumento da concentração de dióxido de carbono e outros gases na atmosfera que começou no final do século XVIII com a Revolução Industrial. Alguns cientistas pensam que o aquecimento global terá como efeito evaporar mais água do oceano e portanto contribuir para uma maior cobertura nebulosa que, por sua vez, impedirá melhor a penetração da radiação solar e portanto reduzirá o aquecimento. Apesar de não haver certezas, é prudente que se tentem minimizar as modificações introduzidas pelo homem no ambiente terrestre e reduzir os seus impactos.
Desde 1958 que tem sido medida a concentração de anidrido carbónico no Hawaii, bem longe das principais regiões industriais do ocidente. Este registo mostra um nítido aumento dessa concentração sobreposto às variações anuais que resultam da actividade biológica natural (no verão e primavera, domina a fotossíntese pelas plantas relativamente à respiração pelos animais; no outono e inverno, passa-se o inverso). Os cientistas estimam que os oceanos absorvem entre 30 e 50% das emissões de anidrido carbónico pelo que as concentrações na atmosfera seriam muito maiores (entre 500 e 600 ppm em vez dos actuais 360 ppm) se não fosse essa acção do oceano como sumidouro. O que preocupa os cientistas é que as flutuações dos níveis de anidrido carbónico no passado geológico estiveram associadas a flutuações drásticas do clima. Tudo leva a crer que, se continuar o aumento dos níveis de anidrido carbónico tal como tem vindo a acontecer nos últimos 100 anos, isso tenha influência no clima. Modelos de previsão dos resultados desse aumento indicam que a baixa atmosfera poderá ter um aquecimento médio da ordem de 2ºC nos próximos 50-100 anos. É evidente que este aumento não se deverá dar de modo uniforme em todo o planeta. As temperaturas polares, por exemplo, deverão subir cerca de 6-10 ºC, o que levará à fusão das calotes polares na Antártida e na Gronelândia. Isto terá como consequência a subida do nível do mar e a inundação de grande parte das zonas costeiras e ilhas. O facto do aquecimento não ser uniforme no planeta, sendo maior nas latitudes elevadas do que nas baixas, vai implicar menor contraste de temperaturas do que o actual, o que causará modificações nos ventos e na precipitação. É difícil prever com exactidão as consequências porque, na verdade, há uma série de interacções e processos de realimentação que não são bem conhecidos mas que podem ter um papel muito importante.









3 - Buraco na camada de ozônio

Buraco na camada de ozônio é um termo popular usado para definir uma área em que o ozônio se encontra em menos concentração que o esperado. O buraco na camada de ozônio é um grande problema para a humanidade atualmente. Desde a década dos anos 80 vem sida constatada uma queda da concentração do ozônio sobre a Antártica, em uma área de 60% da concentração normal. Recentemente foram encontradas novas áreas com baixa concentração de ozônio, agora também no hemisfério norte.





Ozônio é um gás atmosférico azul-escuro, que se concentra na chamada estratosfera, uma região situada entre 20 e 40 km de altitude. A diferença entre o ozônio e o oxigênio dá a impressão de ser muito pequena, pois se resume a um átomo: enquanto uma molécula de oxigênio possui dois átomos, uma molécula de ozônio possui três.
Essa pequena diferença, no entanto, é fundamental para a manutenção de todas as formas de vida na Terra, pois o ozônio tem a função de proteger o planeta da radiação ultravioleta do Sol. Sem essa proteção, a vida na Terra seria quase que completamente extinta.
O ozônio sempre foi mais concentrado nos pólos do que no equador, e nos pólos ele também se situa numa altitude mais baixa. Por essa razão, as regiões dos pólos são consideradas propícias para a monitoração da densidade da camada de ozônio.
Desde 1957 são feitas medições na camada de ozônio acima da Antártida e os valores considerados normais variam de 300 a 500 dobsons. No ano de 1982, porém, o cientista Joe Farman, juntamente com outros pesquisadores da British Antartic Survey, observaram pela primeira vez estranhos desaparecimentos de ozônio no ar sobre a Antártida. Como estavam usando um equipamento já um tanto antigo, e os dados que estavam coletando não tinham precedentes, em vista da grande diminuição da concentração do gás (cerca de 20% de redução na camada de ozônio), acharam por bem aguardar e fazer novas medições em outra época, com um aparelho mais moderno, antes de tornar público um fato tão alarmante. Além disso, o satélite Nimbus 7, lançado em 1978 com a função justamente de monitorar a camada de ozônio, não havia até então detectado nada de anormal sobre a Antártida.
Joe Farman e seus colegas continuaram medindo o ozônio na Antártida nos dois anos seguintes, no período da primavera, e constataram não só que a camada de ozônio continuava diminuindo como ainda que essa redução tornava-se cada vez maior. Agora estavam usando um novo equipamento, o qual lhes indicou, em 1984, uma redução de 30% na camada de ozônio, valor este confirmado por uma outra estação terrestre situada a 1.600 km de distância. Nos anos seguintes a concentração de ozônio continuou a cair na época da primavera e, em 1987, verificou-se que 50% do ozônio estratosférico havia sido destruído, antes que uma recuperação parcial ocorresse com a chegada do verão antártico.
O satélite Nimbus 7 não havia detectado as primeiras reduções na camada de ozônio por uma razão muito simples: ele não havia sido programado para detectar níveis de ozônio tão baixos. Valores abaixo de 200 dobsons eram considerados erros de leitura, e por isso não eram levados em conta…
Os cientistas não podiam prever que uma alteração tão drástica na ordem natural pudesse ocorrer, e por essa razão não haviam considerado essa hipótese.
Num artigo científico escrito em 1987, Joe Farman declarou: "Antes de 1985 todos os químicos atmosféricos pensavam que estavam no caminho certo de compreenderem o ozônio. As observações e os modelos propostos se harmonizavam. Mudanças observadas e previstas eram de menos de 1% por década. Entretanto, sobre a Antártida a destruição é hoje em dia superior a 50%, e isto por um período entre 30 e 40 dias a cada ano."
Naquela época Joe Farman ainda não podia imaginar que a destruição ainda aumentaria muito mais nos próximos anos, que o buraco se alargaria, que sua ocorrência não ficaria restrita a alguns dias por ano, que apareceria um segundo buraco no Ártico e que surgiriam outros pontos no globo com decréscimo do nível de ozônio.
De fato, já mesmo em 1987 foram detectadas ocorrências menores, apelidadas de "mini-buracos", que apareceram próximos à região polar. O próprio buraco antártico apresentou variações inconcebíveis naquele ano: em outubro havia desaparecido nada menos que 97,5% do ozônio detectado em agosto, na altitude de 16,5 km.
Em seu livro O Buraco no Céu, publicado em 1988, John Gribbin afirma que mesmo que não houvesse sido detectado o buraco no ozônio na Antártida, os anos de 1986 e 1987 já teriam dado motivos de sobra para preocupação. Medições de satélite indicaram, já naquela época, uma "impressionante diminuição geral na concentração de ozônio estratosférico ao redor do globo." Essa redução já havia alcançado o sul da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia, esta última com um decréscimo de 20%. A Suíça também mostrou preocupação na época, quando medições feitas com instrumentos em terra revelaram um estreitamento da camada de ozônio sobre o país.
Em 1991, a NASA anunciou que o ozônio estratosférico sobre a Antártida havia atingido o nível mais baixo até então registrado: 110 dobsons para um nível esperado de 500 dobsons. Também em 1991, o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou que, pela primeira vez, estava-se produzindo uma perda importante do ozônio tanto na primavera como no verão, e tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, em latitudes altas e médias. Este fato fez crescer a apreensão geral, já que no verão os raios solares são muito mais perigosos que no inverno.
Em 1992 verificou-se que havia-se formado um buraco também sobre o Ártico, com uma redução de 20% do ozônio. O novo buraco do Ártico não só permaneceu como continuou aumentando: nos três primeiros meses de 1996 ele cresceu mais de 30%, estabelecendo um novo recorde.
Ainda em 1992 os pesquisadores constataram que a destruição estava se generalizando mais ainda, ocorrendo de forma global desde a Antártida até o Ártico, nos trópicos e nas regiões de latitudes médias, com uma redução variando entre 10% e 15%. A partir daquela época, os habitantes das ilhas Falklands/Malvinas passaram a ficar expostos ao buraco todos os anos durante o mês de outubro.
A figura abaixo mostra a variação do buraco na Antártida ano a ano, de 1979 até 1992. Observa-se um crescimento contínuo durante a década de 80, com ligeira redução de suas dimensões nos anos de 1986 e 1988. A partir de 1989, porém, o buraco não se reduz mais.

Em setembro de 1994, 226 cientistas de 29 países entregaram à OMM um relatório onde afirmavam que de 1992 a 1994 haviam sido registrados "níveis recordes" de destruição da camada de ozônio.
O gráfico abaixo mostra a variação da concentração média de ozônio sobre a Antártida nos meses de outubro, medida em unidades Dobson, de 1960 a 1994:
Em 1995 a OMM avisou que o buraco na camada de ozônio na Antártida havia atingido o tamanho recorde de 10 milhões de km², área aproximadamente igual a da Europa. A revista Veja do mês de setembro de 1995 reagiu desta forma ao anúncio da OMM: "O cenário de homens consumidos por violentos carcinomas de pele voltou a povoar os pesadelos do século com o anúncio feito na semana passada pela Organização Meteorológica Mundial." Em novembro daquele ano, também de acordo com a OMM, o buraco apresentava a maior área já registrada para aquela época do ano, em seu movimento cíclico de expansão e redução: 20 milhões de km². Entre setembro e outubro de 1996, o tamanho da destruição era de nada menos que 22 milhões de km²...
O efeito imediato da redução da camada de ozônio é o aumento da nociva radiação ultravioleta UV-B (veja mais detalhes adiante). No ano de 1993, o Dr. Paul Epstein, da Universidade de Harvard, alertava que em razão do aumento da radiação ultravioleta, o bacilo do cólera poderia estar sofrendo mutações mais aceleradas, adquirindo fatores resistentes a antibióticos presentes nos gigantescos blocos de algas flutuantes nos mares.
Em 1995, o Instituto Scripps de Oceanografia de San Diego, Califórnia, informou que partes da América do Norte e Europa Central, o Mediterrâneo, a África do Sul, a Argentina e o Chile já estavam sendo submetidos a aumentos significativos de irradiação…
Em 1996 o buraco sobre o hemisfério norte começou dois meses mais cedo e foi o mais profundo e duradouro até então observado. Em março daquele ano, o assessor especial da Organização Meteorológica Mundial, Romen Boykov, alertou: "Não estamos falando de regiões desérticas, mas de regiões povoadas, onde os níveis de radiação duplicaram. Isso é muito preocupante!" Boykov fazia referência agora à redução constatada de 45% de ozônio em um terço do hemisfério norte.
Apesar da gravidade da situação, nenhuma matéria sobre o assunto foi publicada nas revistas Science e Nature, os periódicos científicos mais importantes do mundo. Este fato não passou despercebido ao pesquisador Jim Scanlon. Segundo ele, os investidores são muito suscetíveis a notícias "não otimistas", e os grandes jornais procuram filtrar informações que possam ser consideradas negativas para os negócios. Jim Scanlon afirmou que o buraco na Antártida é reportado com grande nível de detalhe porque afeta relativamente poucas pessoas, em regiões isoladas. Já o buraco no Ártico não é reportado porque afeta cerca de 80 milhões de pessoas no hemisfério norte.
É bem possível que Jim Scanlon tenha razão no que diz. Eu mesmo pude constatar que alguns sites da Internet, alegadamente dispondo de dados científicos sobre a destruição da camada de ozônio, só podiam ser acessados por pessoas autorizadas.
Os dados disponíveis em 1996 indicavam que a média anual de radiação ultravioleta no hemisfério norte estava aumentando 6,8% por década, incluindo áreas da Inglaterra, Alemanha, Rússia e Escandinávia. No hemisfério sul, a taxa de crescimento da radiação era de 9,9% por década, atingindo o sul da Argentina e do Chile. O cientista atmosférico Jay Herman avisou: "O aumento da radiação UV-B é maior nas latitudes altas e médias, onde a maioria das pessoas mora e onde a maior parte da agricultura ocorre." No Brasil, no início de 1997, chegava a notícia de que sobre os Estados do Nordeste o nível de radiação ultravioleta havia aumentado 40% em comparação com igual período de 1996…
Em março de 1997 as coisas pioraram. Sobre a Argentina e o Chile surgiu um novo buraco, dissociado do existente sobre o pólo Sul e cobrindo extensas áreas de ambos os países, incluindo as capitais Buenos Aires e Santiago. Foram registradas medições de 180 e 210 dobsons. De acordo com o jornalista argentino Uki Goñi, a população da Argentina não foi convenientemente alertada pelo Departamento do Clima. Os responsáveis disseram que o episódio tinha "apenas interesse científico", e que a população não deveria ficar alarmada... Goñi informou também que na latitude equivalente do hemisfério norte teria surgido um buraco semelhante, sobre Washington ou Roma.
Enquanto surgia o novo buraco sobre a Argentina e o Chile, o pioneiro sobre o pólo Sul aparecia mais cedo. O ozônio começou a decrescer já em março, registrando-se um nível de 225 dobsons; em maio o buraco sobre a Antártida já estava completamente formado. Era a primeira vez que isto acontecia.
No Ártico a situação não era melhor. O Dr. Pawan K. Bhartia, cientista do projeto TOMS (Total Ozone Mapping Spectromer) avisava que estavam sendo detectados os mais baixos valores já medidos de ozônio nos meses de março e abril: 219 dobsons. Os dados de satélite indicavam que a área afetada estendia-se por 5,3 milhões de quilômetros quadrados.
Como é de praxe, já começaram a aparecer algumas idéias mirabolantes para resolver o problema crescente da destruição da camada de ozônio no planeta. Pesquisadores russos apresentaram um estudo segundo o qual seria possível reparar a camada de ozônio utilizando equipamentos de raios laser e satélites. O projeto consiste na montagem de um sistema com 30 a 50 satélites que bombardeariam a atmosfera com raios laser ultrapotentes, estimulando a produção de até 20 milhões de toneladas anuais de ozônio; esses cientistas acreditam que o problema pode ser contornado em dez anos, a um custo estimado de 100 bilhões de dólares... Tem gente também que quer fabricar ozônio no solo e comboiá-lo até a estratosfera em foguetes, grandes jatos e balões...
Apenas com base numa amostragem de todos os fracassos humanos já colecionados nas tentativas anteriores de dominar, intervir ou até mesmo prever fenômenos da natureza, já podemos afirmar, sem medo de errar, que mesmo que tais projeto fossem exeqüíveis, o resultado final seria mais um fiasco. Se for para incentivar atitudes desse tipo, exacerbadas e irrealistas, é melhor que se continue apresentando outras iniciativas, também inócuas mas pelo menos não tão dispendiosas, como a desesperada proibição da fabricação de CFC e a decretação do "Dia Internacional do Ozônio", comemorado em 16 de setembro de cada ano.
Mas quais são os efeitos que a redução da camada de ozônio pode trazer ao planeta, e aos seres humanos em particular? Devastadores talvez seja um adjetivo adequado.
Em 1975, um cientista chamado Mike McElroy, ao estudar os efeitos que adviriam de uma destruição da camada de ozônio, advertiu que isto poderia ser usado como uma nova arma de guerra. Um composto químico como o bromo, se lançado deliberadamente na atmosfera, daria origem a um buraco na camada de ozônio sobre o território inimigo, incapacitando pessoas desprotegidas e destruindo plantações.
Se a destruição da camada de ozônio já foi imaginada como uma arma de guerra, o leitor pode bem fazer uma idéia dos efeitos a que estarão sujeitos a população e o meio ambiente com esse acontecimento.
Nós conseguimos perceber com os nossos sentidos uma parte da energia emitida pelo Sol, através da luz e do calor. Mas o Sol emite energia também fora da faixa que denominamos luz visível, e que não é portanto percebida pelos nossos olhos. A faixa "acima" da luz visível é chamada infravermelha e a faixa "abaixo" dela é chamada ultravioleta. "Acima" e "abaixo" significam comprimentos de onda de irradiação maiores ou menores. Mas isso não vem ao caso, o que interessa saber é que irradiações com comprimentos de onda menores contêm muito mais energia concentrada, sendo portanto muito mais fortes, ou, em outras palavras, muito mais perigosas.
A natureza, sabiamente, protegeu o planeta Terra com um escudo contra a irradiação ultravioleta prejudicial. Esse escudo, a camada de ozônio, absorve grande parte da radiação ultravioleta perigosa, impedindo que esta chegue até o solo.
Toda a vida na Terra é especialmente sensível à radiação ultravioleta com comprimento de onda entre 290 a 320 nanômetros. Tão sensível, que essa radiação recebe um nome especial: UV-B, que significa "radiação biologicamente ativa". A maior parte da radiação UV-B é, pois, absorvida pela camada de ozônio, mas mesmo a pequena parte que chega até a superfície é perigosa para quem se expõe a ela por períodos mais prolongados.
A UV-B provoca queimaduras solares e pode causar câncer de pele, inclusive o melanoma maligno, freqüentemente fatal. A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental estima que 1% de redução da camada de ozônio provocaria um aumento de 5% no número de pessoas que contraem câncer de pele. Em setembro de 1994 foi divulgado um estudo realizado por médicos brasileiros e norte-americanos, onde se demonstrava que cada 1% de redução da camada de ozônio, desencadeava um crescimento específico de 2,5% na incidência de melanomas. A incidência de melanoma, aliás, já está aumentando de forma bastante acelerada. Entre 1980 e 1989, o número de novos casos anuais nos Estados Unidos praticamente dobrou; segundo a Fundação de Câncer de Pele, enquanto que em 1930 a probabilidade de as crianças americanas terem melanoma era de uma para 1.500, em 1988 essa chance era de uma para 135.
Em 1995 já se observava um aumento nos casos de câncer de pele e catarata em regiões do hemisfério sul, como a Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e Patagônia. Em Queensland, no nordeste da Austrália, mais de 75% dos cidadãos acima de 65 anos apresentam alguma forma de câncer de pele; a lei local obriga as crianças a usarem grandes chapéus e cachecóis quando vão à escola, para se protegerem das radiações ultravioleta. A Academia de Ciências dos Estados Unidos calcula que apenas naquele país estejam surgindo anualmente 10 mil casos de carcinoma de pele por causa da redução da camada de ozônio. O Ministério da Saúde do Chile informou que desde o aparecimento do buraco no ozônio sobre o pólo Sul, os casos de câncer de pele no Chile cresceram 133%; atualmente o governo fez campanhas para a população utilizar cremes protetores para a pele e não ficar exposta ao Sol durante as horas mais críticas do dia.
O Dr. Signey Lerman, da Universidade Emory, na Geórgia, elaborou um estudo onde afirma que a redução de 1% na camada de ozônio provocaria, só nos Estados Unidos, um aumento de 25 mil casos anuais de catarata na vista... Há estimativas indicando que uma redução de 50% na camada de ozônio em redor do planeta provocaria cegueira e queimaduras de pele com formação de bolhas num prazo de dez minutos.
A radiação UV-B também inibe a atividade do sistema imunológico humano, o mecanismo natural de defesa do corpo. Além de tornar mais fáceis as condições para que os tumores se desenvolvam sem que o corpo consiga combatê-los, supõe-se que haveria um aumento de infecções por herpes, hepatite e infecções dermatológicas provocadas por parasitas.
A maior parte das plantas ainda não foi testada quanto aos efeitos de um aumento da UV-B, mas das 200 espécies analisadas até 1988, dois terços manifestaram algum tipo de sensibilidade. A soja, por exemplo, apresenta uma redução de 25% na produção quando há um aumento de 25% na concentração de UV-B. O fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha, assim como as larvas de alguns peixes, também sofrem efeitos negativos quando expostos a uma maior radiação UV-B. Já se constatou também que rebanhos apresentam um aumento de enfermidades oculares, como conjuntivite e até câncer, quando expostos a uma incidência maior de UV-B.
Ressalte-se que todos esses efeitos são ocasionados por um ligeiro acréscimo da radiação UV-B. Existe, contudo, um outro tipo de radiação ainda mais temível: a UV-C. A radiação UV-C apresenta comprimentos de onda entre 240 e 290 nanômetros e é (até agora) completamente absorvida pelo ozônio estratosférico. Sabe-se que a UV-C é capaz de destruir o DNA (ácido desoxirribonucléico), a molécula básica da vida, que contém toda a informação genética dos seres vivos. Nas palavras de John Gribbin, "ninguém é capaz de afirmar com certeza quais seriam as conseqüências de deixar essa radiação chegar até a superfície da Terra…"
A camada de ozônio tem, pois, uma importância crucial para a vida na Terra. Sua destruição equivale a uma redução da capacidade imunológica do planeta. Agora, na época do Juízo, o ser humano que por milênios viveu de forma anti-natural perdeu o direito de manter-se protegido de efeitos nocivos, sejam doenças oportunistas ou radiação ultravioleta danosa. A AIDS e a redução da camada de ozônio têm muito em comum. São efeitos similares em escalas diferentes, pois a causa de ambos os processos é a mesma: a intensificação do Juízo Final na Terra. Ambos os acontecimentos retiram dos seres humanos a proteção previamente existente contra agentes prejudiciais à saúde. Num caso, a radiação ultravioleta maléfica, no outro, as doenças oportunistas que atacam o organismo debilitado pelo vírus HIV, causador da AIDS.
A explicação da ciência, naturalmente, está longe dessa conclusão. A tese mais aceita hoje em dia é que o buraco do ozônio foi causado pelo próprio ser humano, através da contínua emissão na atmosfera de um composto químico, o clorofluorcarbono, mais conhecido como CFC. O átomo de cloro desse composto é apontado como o vilão da história; alguns estudos sugerem que um único átomo de cloro é capaz de destruir cem mil moléculas de ozônio.
Naturalmente, não se pode negar a influência da poluição gerada pelo ser humano nos desequilíbrios do meio ambiente, pródigo que é ele em conspurcar tudo o que está a seu alcance. Mas a magnitude e velocidade da destruição da camada de ozônio não pode ser explicada apenas pela maior concentração de CFC na atmosfera. Uma matéria de setembro de 1995 da revista Veja sobre o assunto informava que os CFCs encaixavam-se muito bem no modelo químico de destruição do ozônio, e por isso ficaram com a pecha de culpados. "Até o momento, não há melhor explicação para o fenômeno", dizia a reportagem.
Até agora, os modelos matemáticos que tentaram prever o decréscimo futuro da camada de ozônio com base na quantidade de CFC existente na atmosfera falharam completamente. Os dados do satélite Nimbus 7 indicavam (até 1988) que o ozônio em latitudes mais setentrionais vinha desaparecendo quatro a seis vezes mais rápido do que o previsto nos modelos científicos.
Além disso, nenhum dos modelos previu a formação dos buracos sobre a Antártida e o Ártico, tampouco a redução do ozônio em latitudes médias. A NASA tentou esclarecer: "A habilidade da atmosfera em compensar as perdas de ozônio é menor do que pensávamos." Muito convincente.
O fato é que a redução da camada de ozônio não pode ser explicada apenas pela maior concentração de cloro na atmosfera. John Gribbin, por exemplo, apesar de concordar com a idéia do CFC, deixa algumas dúvidas no ar em seu livro O Buraco no Céu, conforme se depreende dos trechos transcritos abaixo:
"Tudo se encaixa logicamente, envolvendo o cloro e o ClO no desenvolvimento do buraco (ainda que haja muito pouco ClO abaixo de uma altitude aproximada de 16 km, e sejam necessários mais estudos de química e dinâmica para explicar o que está acontecendo ali). (…) Parece que estão nos dizendo [os dados coletados por satélite] que, ultimamente, a destruição do ozônio estratosférico vem acontecendo duas vezes mais rápido do que se pode explicar mediante a soma de todos os efeitos, desde CFCs e óxido nitroso até atividade solar. (…) Sem dúvida, parte disso [a redução do ozônio] pode ser devida a mudanças do Sol. (…) É possível que efeitos relacionados à alteração na atividade solar tenham ajudado a formar as condições especiais sobre a Antártida, que têm permitido que o buraco cresça tanto, em tão breve espaço de tempo."
Em 1997 o consumo per capita de CFC nos países desenvolvidos havia caído de 300 gramas para 45 gramas, e geladeiras e aparelhos de ar condicionado já saíam de fábrica sem CFC. Nada disso fez a mínima diferença até agora.
A suposição de alterações na atividade solar como causa da redução da camada de ozônio não deveria ser negligenciada. Vimos, no tópico sobre o Sol, que a tempestade solar de 1972 acarretou um decréscimo de mais de 10% na concentração de ozônio da estratosfera. Um estudo mais detalhado mostrou que a destruição do ozônio sobre o pólo norte naquele ano foi de 16%. Ninguém ainda conseguiu estimar qual seria o efeito de uma outra explosão solar como a de 1972 agora, com os buracos nos pólos e a redução contínua do ozônio em diversas partes do globo.
Mas será que essa situação tão grave, da destruição da camada de ozônio, vem tendo a repercussão necessária? A repercussão é, sem dúvida, maior do que no caso das alterações do comportamento do Sol, porque trata-se de um fenômeno mais próximo da humanidade. Todavia, como as notícias, até agora, têm aparecido bastante espaçadas no tempo, acabam não tendo o impacto que poderiam e deveriam ter, mesmo porque o ser humano faz o que for preciso para esquecer o mais rapidamente possível qualquer coisa que lhe pareça desagradável.




4 – Fenômeno El Niño

O fenômeno conhecido por El Niño , se refere ao aquecimento anormal das águas superficiais nas porções central e leste do Oceano Pacífico, nas proximidades da América do Sul, mais particularmente na costa do Peru. A corrente de águas quentes que ali circula, normalmente, em direção sul no início do verão somente recebe o nome de El Niño quando a anomalia térmica atinge proporções muito elevadas (em torno de 4 a 6°C). Em termos sazonais o fenômeno ocorre com mais freqüência no período que antecede o Natal, o que explica a origem do nome, que significa, em espanhol, "o menino", uma alusão ao menino Jesus, que nasceu num 25 de dezembro.
O El Niño se faz notar com maior evidência nas costas peruanas pois as águas frias provenientes do fundo oceânico (ressurgência) e da Corrente Marinha de Humboldt são ali interceptadas por águas quentes provenientes do norte e oeste. Esta alteração regional assume dimensões continentais e planetárias à medida que provoca desarranjos de toda ordem em vários climas da Terra.

O El Niño é mais conhecido, sobretudo popularmente, como sendo um fenômeno climático. Esta compreensão, parcialmente incorreta, decorre da forte influência das condições oceânicas no comportamento climático, donde se fala da interação oceano-atmosfera. O Anti-El Niño (também chamado La Niña), ao contrário do El Niño, é representado pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico e também desempenha consideráveis impactos nas atividades humanas.
Nas últimas duas décadas, cientistas, estudando as variações climáticas do planeta, descobriram que o fenômeno El Niño não ocorre sozinho; as variações de temperatura no Pacífico estão acopladas a variações de pressão atmosférica, conhecidas como "oscilações sulinas".


Esssas oscilações foram descobertas em 1923 pelo climatologista britânico Gilbert Walker, que estava tentando entender por que a estação chuvosa conhecida como monção deixa de ocorrer na Índia em certos anos. Walker mostrou que existiam padrões irregulares de oscilação da pressão sobre o Pacífico que se propagavam de leste a oeste. Essa é a direção oposta do aquecimento das águas oceânicas que ocorre durante o El Niño.
O aquecimento das águas que afeta os pescadores peruanos está ligado com a estação chuvosa na Índia e no Sudeste Asiático por meio da interação entre a dinâmica dos oceanos e da atmosfera. Esse acoplamento dos oceanos com a atmosfera é um exemplo perfeito de como certos problemas científicos requerem um tratamento que envolve vários componentes ao mesmo tempo.
Para que possamos entender as variações climáticas que afetam um determinado local, como a Amazônia, não basta estudarmos apenas aquela região isoladamente. Precisamos estudar como o contexto climático global pode afetar um determinado local. Em estudos climáticos, como talvez em nenhum outro estudo, a Terra aparece como uma entidade única, em que efeitos locais podem influenciar o comportamento global e vice-versa.
O fenômeno acoplado do El Niño com a Oscilação Sulina ocorre, historicamente, com uma frequência média de quatro anos. Portanto, nos últimos 12 ou 13 anos, em média, o fenômeno deve ter ocorrido em torno de três vezes. No entanto, ele ocorreu seis vezes desde 1984, o dobro do número esperado. Mais ainda, sua última ocorrência foi a mais dramática: enquanto normalmente a variação de temperatura é de 1ºC ou de 1,5ºC, no ciclo de 97 a 98 a temperatura subiu 4ºC acima da média! Os modelos climáticos indicam que o culpado por essas oscilações é o efeito estufa. "Indicam", porque nem todos os cientistas concordam com essas conclusões. As incertezas vêm das limitações dos computadores em realmente simular o clima da Terra em detalhe. De qualquer forma, os dados climáticos não mentem e estão diretamente acoplados com a quantidade de gases poluentes na atmosfera.
As nações mais avançadas tecnologicamente, acompanham o tempo atmosférico no mundo todo através de uma rede de satélites artificiais e computadores, conectados. Os empresários desses países só fazem aquisições nas bolsas internacionais de cereais, assessorados por meteorologistas.


5 – Fenômeno La Niña

O fenômeno La Niña, ou episódio frio do Oceano Pacífico, é o resfriamento anômalo das águas superficiais no Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental. De modo geral, pode-se dizer que La Niña é o oposto do El Niño , pois as temperaturas habituais da água do mar à superfície nesta região, situam-se em torno de 25º C, ao passo que, durante o episódio La Niña, tais temperaturas diminuem para cerca de 23º a 22º C. As águas mais frias estendem-se por uma estreita faixa, com largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do equador, desde a costa Peruana, até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central.
Assim como o El Niño, La Niña também pode variar em intensidade. Um exemplo dessa variação é o intenso episódio de La Niña ocorrido em 1988/89, comparado ao episódio mais fraco de 1995/96.
Outros nomes como "El Viejo" ou "anti-El Niño" também foram usados para se referir a este resfriamento, mais o termo La Niña ganhou mais popularidade. Segundo o Centro Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NCEP), ocorreram outros eventos de La Niña em 1904/05, 1908/09, 1910/11, 1916/17, 1924/25, 1928/29, 1938/39, 1950/51, 1955/56, 1964/65, 1970/71, 1973/74, 1975/76, 1988/89 e 1995/96.






Exemplo do La Niña. Anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) observadas em dezembro de 1988. Valores em graus Celsius.Fonte de dados: NCEP/NOAA-EUA. Elaboração: CPTEC/INPE.


No intenso e mais recente episódio de La Niña ocorrido em 1988/89, o resfriamento das águas superficiais foi mais lento, ou seja, demorou dois meses para que a temperatura superficial do Pacífico diminuísse 3,5º C. Em 1998, o Pacífico Tropical também teve uma queda similar de temperatura, mas o resfriamento ocorreu em apenas um mês.
Durante os episódios de La Niña, os ventos alísios são mais intensos que a média climatológica. O Índice de Oscilação Sul (o indicador atmosférico que mede a diferença de pressão atmosférica à superfície, entre o Pacífico Ocidental e o Pacífico Oriental) apresenta valores positivos, os quais indicam a intensificação da pressão no Pacífico Central e Oriental, em relação à pressão no Pacífico Ocidental. Em geral, o episódio começa a se desenvolver em meados de um ano, atinge sua intensidade máxima no final daquele ano e dissipa-se em meados do ano seguinte.
De acordo com as avaliações das características de tempo e clima, de eventos de La Niña ocorridos no passado, observa-se que o La Niña mostra maior variabilidade, enquanto os eventos de El Niño apresentam um padrão mais consistente. Os principais efeitos de episódios do La Niña observados sobre o Brasil são:
· passagens rápidas de frentes frias sobre a Região Sul, com tendência de diminuição da precipitação nos meses de setembro a fevereiro, principalmente no Rio Grande do Sul, além do centro-nordeste da Argentina e Uruguai;
· temperaturas próximas da média climatológica ou ligeiramente abaixo da média sobre a Região Sudeste, durante o inverno;
· chegada das frentes frias até a Região Nordeste, principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas;
· tendência às chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia;
· possibilidade de chuvas acima da média sobre a região semi-árida do Nordeste do Brasil. Essas chuvas só ocorrem, se simultaneamente ao La Niña, as condições atmosféricas e oceânicas sobre o Oceano Atlântico mostrarem-se favoráveis, isto é, com TSM acima da média no Atlântico Tropical Sul e abaixo da média no Atlântico Tropical Norte.
Em alguns lugares, como no Sul do Brasil, durante o forte evento de La Niña de 1988/89, a estação chuvosa de setembro a dezembro de 1988 teve um mês de muita seca, mas os demais meses da estação teve chuva normal, ou ligeiramente acima da média. Durante o episódio fraco de 1995/96, o esfriamento do Pacifico não foi tão intenso, mas o período chuvoso de setembro a dezembro de 1995, mostrou durante todos os meses, chuvas abaixo da normal climatológica.
Com relação à Amazônia, as vazões dos Rios Amazonas no posto de Óbidos e as cotas do Rio Negro, em Manaus, mostram valores maiores que a média durante os episódios de La Niña ocorridos em 1975/76 e 1988/89, comparados com valores mais baixos nos anos de El Niño, ocorridos em 1982/83 e 1986/87.
Durante o corrente ano de 1998, após a rápida desintensificação do fenômeno El Niño em maio e junho, observou-se um súbito resfriamento das águas do Pacífico Equatorial Central. Esse resfriamento continuou em julho, porém um novo episódio do fenômeno La Niña ainda não está totalmente caracterizado. As previsões indicam que todas as condições do La Niña acontecerão até o final deste ano: águas mais frias no Pacífico Equatorial Central e Oriental ao longo do Equador, ventos alísios mais fortes e intensificação da pressão atmosférica na parte oriental do oceano e enfraquecimento das pressões na porção ocidental.
Nos últimos 15 anos, foram apenas três ocasiões em que o La Niña foi sucedido pelo El Niño. O episódio intenso de El Niño de 1982/83 foi seguido de um evento fraco de La Niña em 1984/85, e um El Niño menos intenso, ocorrido em 1986/87, foi seguido de um forte La Niña em 1988/89, e o El Niño longo, mais fraco de 1991/94 foi seguido de em episódio fraco de La Niña em 1995/96.
El Niño e La Niña são oscilações normais, previsíveis das temperaturas da superfície do mar, nas quais o homem não pode interferir. São fenômenos naturais, variações normais do sistema climático da Terra, que existem há milhares de anos e continuarão existindo.








5 – Chuva Ácida

A queima de carvão e de combustíveis fósseis e os poluentes industriais lançam dióxido de enxofre e de nitrogênio na atmosfera. Esses gases combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água. O resultado são as chuvas ácidas. As águas da chuva, assim como a geada, neve e neblina, ficam carregadas de ácido sulfúrico ou ácido nítrico. Ao caírem na superfície, alteram a composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações.
O gás carbônico (CO2) expelido pela nossa respiração é consumido, em parte, pelos vegetais, plâncton e fitoplâncton e o restante permanece na atmosfera.
Hoje em dia, a concentração de CO2 no ar atmosférico tem se tornado cada vez maior, devido ao grande aumento da queima de combustíveis contendo carbono na sua constituição. A queima do carbono pode ser representada pela equação:
C + O2 ---> CO2
Tanto o gás carbônico como outros óxidos ácidos, por exemplo, SO2 e NOx, são encontrados na atmosfera e as suas quantidades crescentes são um fator de preocupação para os seres humanos, pois causam, entre outras coisas, as chuvas ácidas. O termo chuva ácida foi usado pela primeira vez por Robert Angus Smith, químico e climatologista inglês. Ele usou a expressão para descrever a preciptação ácida que ocorreu sobre a cidade de Manchester no início da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento e avanço industrial, os problemas inerentes às chuvas ácidas têm se tornado cada vez mais sérios. Um dos problemas das chuvas ácidas é o fato destas poderem ser transportadas através de grandes distâncias, podendo vir a cair em locais onde não há queima de combustíveis.






Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos ecossistemas europeus já estão seriamente alterados e cerca de 50% das florestas da Alemanha e da Holanda estão destruídas pela acidez da chuva. Na costa do Atlântico Norte, a água do mar está entre 10% e 30% mais ácida que nos últimos vinte anos. Nos EUA, onde as usinas termoelétricas são responsáveis por quase 65% do dióxido de enxofre lançado na atmosfera, o solo dos Montes Apalaches também está alterado: tem uma acidez dez vezes maior que a das áreas vizinhas, de menor altitude, e cem vezes maior que a das regiões onde não há esse tipo de poluição.
Monumentos históricos também estão sendo corroídos: a Acrópole, em Atenas; o Coliseu, em Roma; o Taj Mahal, na Índia; as catedrais de Notre Dame, em Paris e de Colônia, na Alemanha. Em Cubatão, São Paulo, as chuvas ácidas contribuem para a destruição da Mata Atlântica e desabamentos de encostas. A usina termoelétrica de Candiota, em Bagé, no Rio Grande do Sul, provoca a formação de chuvas ácidas no Uruguai. Outro efeito das chuvas ácidas é a formação de cavernas.
· PREJUÍZOS PARA O HOMEM
Saúde: A chuva ácida libera metais tóxicos que estavam no solo. Esses metais podem alcançar rios e serem utilizados pelo homem causando sérios problemas de saúde.




Prédios, Casas, Arquitetura: a chuva ácida também ajuda a corroer os materiais usados nas construções como casas, edifícios e arquitetura, destruindo represas, turbinas hidrelétricas, etc.
· PREJUÍZOS PARA O MEIO AMBIENTE
Lagos: os lagos podem ser os mais prejudicados com o efeito da chuva ácida, pois podem ficar totalmente acidificados, perdendo toda a sua vida.
Desmatamentos: a chuva ácida faz clareiras, matando duas ou três árvores. Imagine uma floresta com muitas árvores utilizando mutuamente, agora duas árvores são atingidas pela chuva ácida e morrem, algum tempo após muitas plantas que se utilizavam da sombra destas árvores morrem e assim vão indo até formar uma clareira. Essas reações podem destruir florestas.
Agricultura: a chuva ácida afeta as plantações quase do mesmo jeito que das florestas, só que é destruída mais rápido já que as plantas são do mesmo tamanho, tendo assim mais áreas atingidas.








7 - Poluição do ar


O desenvolvimento industrial e urbano tem originado em todo o mundo um aumento crescente da emissão de poluentes atmosféricos. O acréscimo das concentrações atmosféricas destas substâncias, a sua deposição no solo, nos vegetais e nos materiais é responsável por danos na saúde, redução da produção agrícola, danos nas florestas, degradação de construções e obras de arte e de uma forma geral origina desequilíbrios nos ecossistemas.
No entanto, a poluição do ar, devido às características da circulação atmosférica e devido à permanência de alguns poluentes na atmosfera por largos períodos de tempo, apresenta um carácter transfronteira e é responsável por alterações ao nível planetário, o que obriga à conjugação de esforços a nível internacional.
São, deste modo, exigidas ações para prevenir ou reduzir os efeitos da degradação da qualidade do ar o que já foi demonstrado ser compatível com o desenvolvimento industrial e social. A gestão da qualidade do ar envolve a definição de limites de concentração dos poluentes na atmosfera, a limitação de emissão dos mesmos, bem como a intervenção no processo de licenciamento, na criação de estruturas de controlo da poluição em áreas especiais e apoios na implementação de tecnologias menos poluentes.








7.1 - Poluentes Atmosféricos

Na tabela seguinte listam-se os principais poluentes atmosféricos:
Poluente
Fontes
Processos
Efeito
Óxidos de Enxofre (SOx)
Antropogênicas
Combustão (refinarias, centrais térmicas, veículos diesel)Processos Industriais
Afecta o sistema respiratórioChuvas ácidasDanos em materiais
Naturais
VulcanismoProcessos biológicos
Óxidos de Azoto (Nox)
Antropog^^enicas
Combustão (veículos e indústria)
Afeta o sistema respiratórioChuvas ácidas
Naturais
Emissões da vegetação
Compostos Orgânicos Voláteis (COV)
Antropogênicas
RefinariasPetroquímicasVeículosEvaporação de combustíveis e solventes
Poluição fotoquímicaIncluem compostos tóxicos e carcinogênicos
Monóxido de Carbono (CO)
Antropogênicas
Combustão (veículos)
Reduz a capacidade de transporte de oxigénio no sangue
Naturais
Emissões da vegetação
Dióxido de Carbono (CO2)
Antropogênicas
Combustão
Efeito de estufa
Naturais
Fogos florestais
Chumbo (Pb)
Antropogênicas
Gasolina com chumboIncineração de resíduos
Tóxico acumulativoAnemia e destruição de tecido cerebral
Partículas
Antropogênicas
CombustãoProcessos industriaisCondensação de outros poluentesExtração de minerais
Alergias respiratóriasVector de outros poluentes (metais pesados, compostos orgânicos carcinogénicos)
Naturais
Erosão eólicaVulcanismo
CFC's e Halons
Antropogênicas
AerossóisSistemas de refrigeraçãoEspumas, sistemas de combate a incêndios
Destruição da camada de ozonoContribuição para o efeito de estufa




7.2 - Efeitos da Poluição Atmosférica
Ao nível da saúde humana a poluição atmosférica afeta o sistema respiratório podendo agravar ou mesmo provocar diversas doenças crônicas tais como a asma, bronquite crônica, infecções nos pulmões, enfizema pulmonar, doenças do coração e cancro do pulmão.
Os poluentes atmosféricos podem afetar a vegetação por duas vias: via direta e via indireta. Os efeitos diretos resultam da destruição de tecidos das folhas das plantas provocados pela deposição seca de SO2, pelas chuvas ácidas ou pelo ozono, refletindo-se na redução da área fotossintética. Os efeitos indiretos são provocados pela acidificação dos solos com a conseqüente redução de nutrientes e libertação de substâncias prejudiciais às plantas, resultando numa menor produtividade e numa maior susceptibilidade a pragas e doenças.
Os efeitos negativos dos poluentes nos materiais resultam da abrasão, reações químicas diretas ou indiretas, corrosão eletroquímica ou devido à necessidade de aumentar a freqüência das ações de limpeza. As rochas calcárias são as mais afetadas, nomeadamente pela acidificação das águas da chuva.
Os odores são responsáveis por efeitos psicológicos importantes estando associados, sobretudo, aos locais aos locais de deposição e tratamento de resíduos sólidos e a algumas indústrias de que são exemplo as fábricas de pasta de papel.

7.3 - Fontes Poluidoras

A nível nacional destacam-se, pelas suas emissões, as Unidades Industriais e de Produção de Energia como a geração de energia elétrica, as refinarias, fábricas de pasta de papel, siderurgia, cimenteiras e indústria química e de adubos. A utilização de combustíveis para a produção de energia é responsável pela maior parte das emissões de SOxe CO2 contribuindo, ainda, de forma significativa para as emissões de CO e NOx. O uso de solventes em colas, tintas, produtos de proteção de superfícies, aerossóis, limpeza de metais e lavandarias é responsável pela emissão de quantidades apreciáveis de Compostos Orgânicos Voláteis.
Existem outras fontes poluidoras que, em certas condições, se podem revelar importantes tais como:
· a queima de resíduos urbanos, industriais, agrícolas e florestais, feita muitas vezes, em situações incontroladas. A queima de resíduos de explosivos, resinas, tintas, plásticos, pneus é responsável pela emissão de compostos perigosos (ver Fichas, e );
· os fogos florestais são, nos últimos anos, responsáveis por emissões significativas de CO2;
· o uso de fertilizantes e o excesso de concentração agropecuária, são os principais contribuintes para as emissões de metano, amoníaco e N2O;
as indústrias de minerais não metálicos, a siderurgia, as pedreiras e áreas em construção, são fontes importantes de emissões de partículas.
As fontes móveis, sobretudo os transportes rodoviários, são uma fonte importante de poluentes, essencialmente devido às emissões dos gases de escape, mas também como resultado da evaporação de combustíveis. São os principais emissores de NOx e CO, importantes emissores de CO2 e de COV, além de serem responsáveis pela emissão de poluentes específicos como o chumbo.
Poluentes como o SO2 e o NOx são os principais responsáveis pelo problema da acidificação. Em contato com a água transformam-se em ácidos sulfúrico e nítrico, os quais dissolvidos na chuva e na neve atingem o solos sob a forma de sulfatos (SO42-), nitratos (NO3-) Regiões de Hidrogênio (H+) - deposição úmida. No entanto o SO2 e os NOx podem ser depositados diretamente no solo ou nas folhas das plantas como gases ou associados a poeiras - deposição seca. A acidez é dada pela concentração de (H+) libertados pelos ácidos e é normalmente indicada pelos valores de pH.
A temperatura da troposfera é pouco afetada pela radiação solar direta, a que é relativamente transparente, aquecendo sobretudo como resultado da absorção das radiações de grande comprimento de onda emitidas pela superfície terrestre. A absorção da radiação terrestre é efetuada por diversos compostos de que se salienta o CO2 mas também o CH4, Ozônio, N2O e os CFC. Estes funcionam assim como os vidros de uma estufa, deixando passar a radiação solar que aquece o solo e retendo a radiação terrestre. É por esta razão que o acréscimo na concentração destes poluentes poderá ter como reflexo o aumento da temperatura do ar. O aumento da temperatura do globo terá como conseqüências prováveis o aumento das áreas desérticas bem como o degelo das calotes polares com a conseqüente subida do nível das águas dos oceanos.
Registaram-se nos últimos anos aumentos da concentração atmosférica de CO2, numa amplitude que ultrapassa as oscilações do último milhar de anos e de que as principais causas serão o aumento de uso de combustíveis fósseis e a deflorestação.
O reconhecimento por parte da Comunidade Internacional, da grande importância da estabilização dos gases com efeito de estufa a níveis que não afetem o sistema climático global, levou à adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, que entrou em vigor a 21 de Março de 1994.

7.4 - Redução da Camada de Ozônio

A presença do ozônio na estratosfera (entre 20 e 40 km de altitude) funciona como uma barreira para a radiação ultravioleta, tornando-se assim essencial para a manutenção da vida na superfície terrestre. Desde os anos 70 que se tem medido a redução da concentração de ozônio em locais específicos da atmosfera ("buracos do ozônio" nas regiões Antártica e Ártica) e de uma forma geral em todo o planeta.
É reconhecido que as emissões, à escala mundial de certas substâncias, entre as quais se contam os hidrocarbonetos clorofluorados (CFC's) e os Halons, podem deteriorar a camada de ozônio, de modo a existir risco de efeitos nocivos para a saúde do homem e para o ambiente em geral. Atentos a esta problemática mais de cem países já ratificaram a Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio e o Protocolo de Montreal sobre as substâncias que deterioram a camada de ozono. Este Protocolo estabelece o controlo da produção e consumo de cerca de 90 substâncias regulamentadas.
Para reduzir a concentração dos poluentes atmosféricos são necessárias tanto medidas preventivas como corretivas, assumindo a informação um papel fundamental na mobilização dos cidadãos. Entre os principais meios de intervenção disponíveis contam-se:
· estabelecimento de limites de qualidade do ar ambiente;
· definição de normas de emissão;
· licenciamento das fontes poluidoras;
· incentivo à utilização de novas tecnologias;
· utilização de equipamento de redução de emissões (por exemplo os catalizadores nos automóveis e a utilização de equipamento de despoluição de efluentes gasosos nas indústrias);
· controlo dos locais de deposição de resíduos sólidos, impedindo os fogos espontâneos e a queima de resíduos perigosos;
· utilização de redes de monitorização da qualidade do ar;
· incentivo à florestação;
· estabelecimento de Planos de Emergência para situações de poluição atmosférica graves;
criação de serviços de informação e de auxílio às populações sujeitas ou afetadas pela poluição atmosférica.
Os valores limite de concentração de poluentes atmosféricos definem níveis de concentração de poluentes no ar ambiente necessários (com uma determinada margem de precaução) para proteger a saúde pública. Atualmente, em Portugal, existem limites para SO2, Partículas em Suspensão, NO2, CO, Chumbo e Ozônio.
Destinam-se a ser aplicadas pelas fontes pontuais, sobretudo industriais, bem como pelas fontes móveis, sobretudo os veículos automóveis. Em Portugal existem limites de emissão de aplicação geral e específicos para diversos tipos de indústrias e para diversos poluentes.
As normas de emissão estão intimamente relacionadas com o licenciamento das atividades produtivas. O processo de licenciamento deverá ter em consideração a realização do Estudo de Impacte Ambiental, sendo aconselhável a utilização das melhores técnicas disponíveis para minimizar as emissões para a atmosfera.
Uso de tecnologias limpas envolvendo tanto as fontes pontuais como as fontes móveis através de: redução dos consumos de energia através da sua utilização mais racional ou de utilização de outras fontes de energia alternativas responsáveis por menores emissões de CO2 e de outros poluentes; utilização de combustíveis que reduzam as quantidades de poluentes emitidos (dessulfuração de derivados de petróleo ou utilização de gasolina sem chumbo, por exemplo); substituição de compostos nocivos, tais como os CFC e alguns solventes, por outros inóquos ou de menores inconvenientes; utilização de tecnologias geradoras de menores quantidades poluentes.






Conclusão:


Está mais que provado, se não tivermos consciência da responsabilidade de tentar reverter os processos de destruição da terra, numa realidade próxima não teremos mais condições de sobreviver. É preciso que as indústrias adotem formas de diminuição na emissão de gases poluentes na atmosfera, que os produtores rurais utilizem rotações de culturas e mantenham as áreas de preservação ambiental, preservem as matas ciliares. É preciso também a adoção de medidas que obriguem o cumprimento da lei de uso e ocupação do solo, não só no campo, mas, também nos centro urbanos.
Embora com todos esses problemas, ainda temos tempo para reverter essa situação, colocar nos jovens e nas crianças o entendimento sobre esses sérios problemas que eles irão enfrentar, e se eles não fizerem nada, os futuros deles e das próximas gerações estarão comprometidas.
É um processo difícil e demorado, mas, pode surtir efeitos consideráveis se levados a sério tais atitudes.












Bibliografia:

www.achetudoeregiao.com.br/ANIMAIS/poluicao_no_ar.htm
www.frigoletto.com.br/Ecologia/lanina.htm
www.msantunes.com.br/juizo/oefeito.htm
www.geocities.com/ResearchTriangle/Lab/6116/ozonio.html
www.cptec.inpe.br/enos/Oque_la-nina.shtml
www.cptec.inpe.br/enos/Oque_el-nino.shtml
www.senado.gov.br/web/relatorios/elnino/fenomeno.htm
www.nonio.fc.ul.pt/oceano/estufa.htm