segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

REFUNCIONALIZAÇÃO DA METRÓPOLE


O estudo da realidade nunca deve ser dissociado, nunca apenas as ações ou apenas os objetos, assim como nunca apenas o sistema Capitalista, ou apenas as realidades específicas. Deve-se sempre buscar um movimento de Totalização das várias perspectivas de análise; a Totalidade (como por exemplo, o sistema Capitalista, mais especificamente a Globalização), que possui características próprias de realidade e existência, apenas pode ser plenamente observada e estudada considerando-se as realidades locais, específicas. Da mesma forma que as realidades específicas não existem sem a Totalidade. Uma cidade, uma realidade sócio-econômica não pode ser observada sem o conjunto do Capitalismo, ao mesmo tempo em que possuem realidade e características específicas, mas sempre dentro do Capitalismo. Podemos agora dizer a relevância do estudo de áreas específicas para o estudo do Espaço. A própria Divisão do Trabalho se manifesta em tempos diferenciados, em diferentes temporalidades.

A Divisão do Trabalho sofre influência direta das Divisões anteriores, das diferentes configurações dos modos de produção ao longo do tempo e da História. Em função disso, o Espaço é diretamente determinado pelos diferentes temporalidades da Divisão do Trabalho, o estudo das Formações Sócio-Espaciais é também o estudo destas diferentes temporalidades da Divisão do Trabalho em diferentes locais, ou seja, em diferentes Espaços. A Divisão do Trabalho não afeta o Espaço apenas no que se refere às relações de trabalho, mas também o meio ambiente construído.

As interações espaciais constituem um amplo e complexo conjunto de deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação sobre o espaço geográfico. Pode apresentar maior ou menor intensidade, variar segundo a freqüência de ocorrência e, conforme a distância e direção caracterizarem-se por diversos propósitos e se realizar através de diversos meios e velocidades. (...) No entanto, as interações espaciais devem ser vistas como parte integrante da existência (e reprodução) e do processo de transformação social e não como puros e simples deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação no espaço. No que se refere à existência e reprodução social, as interações espaciais refletem às diferenças de lugares face às necessidades historicamente identificadas.

No que se referem às transformações, as interações espaciais caracterizam-se, preponderantemente por uma assimetria de relações que tendem favorecer um lugar em detrimento do outro, ampliando as diferenças já existentes, isto é, transformando os lugares. A intersecção entre turismo e cultura nos últimos anos produziu uma nova forma de apreensão do espaço enquanto produto passível de consumo. O turismo é um dos argumentos pelo qual o capitalismo penetra, altera o conteúdo de cultura daquele lugar e transforma em mercadoria. Entre as estratégias adotadas, encontra-se a necessidade forjada de se criar um grande equipamento com forma arquitetônica arrojada para acarretar a renovação urbana de dado lugar.

Hoje a cidade apresenta dinamismo questionável. O recente esvaziamento econômico metropolitano evidencia uma grave crise estrutural. De fato, a cidade apresenta características internacionais, porém não centraliza um conjunto de atividades essenciais à gestão da economia mundial.

A economia das cidades passou por um incontestável cenário de mudanças decorrentes do processo de reestruturação produtiva. Parte delas absorveu os ganhos da nova economia e outras ficaram resignadas ao processo de declínio industrial. Muitas vezes, isso ocorreu dentro do mesmo Estado nacional, utilizando exemplos de casos europeus e norte-americanos, entende que se estaria entrando em uma nova modalidade nas relações entre as nações e as cidades globais. Para a autora, no período atual, a competição entre cidades estaria substituindo a competição interestatal.

Neste processo, as grandes cidades assumiriam papel estratégico ligados ao comando da organização da economia mundial e da atividade de produção, potencialmente mais dispersa. Trata-se de um intenso processo de mundialização das grandes metrópoles. Para Milton Santos (1994, p. 20), a metrópole vive no período atual seu terceiro momento de mundialização: o primeiro por meio do comércio, na virada do século XIX para o XX; o segundo por meio da produção industrial, a partir de meados do século XX; e, por último, a fase atual da metrópole global, “cujas atividades hegemônicas se utilizam da informação como base principal de seu domínio”. Isso é, a relação entre a internacionalização e as cidades passa pela mundialização dos lugares.



Erlon Moreira Castilho

7º Período (Geografia)

FCU – Faculdade Católica de Uberlândia

erlonmoreira@yahoo.com.br

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